por Jeff Soares
Em certos dias, penso em desistir de tudo, dos meus sonhos, do amor, fica difícil acreditar em justiça com tanta maldade, fica difícil respirar com tamanha iniquidade, tem dias que sinto a vontade de sair por aquela porta e não voltar mais. Meus sonhos, eles não vivem somente em mim, vivem em quem acredita em mim, por isso eu não posso me permitir fraquejar, mas saibam que nem sempre sou forte o tempo inteiro.
Caminhar, só eu sei do que se trata, talvez falte pegar a mochila e sair por ai com um violão debaixo do braço, se eu ainda soubesse tocar bem. Não culpo ninguém, culpo a mim mesmo, decisões a gente toma por si só, não é culpa da lua, do céu, do inferno astral, existe uma plantação, mesmo em terra estéril, tudo que plantamos iremos colher, espero ter plantado coisas boas.
Não é um discurso deprimente, esse é o estágio onde o cansaço físico e mental tomam conta do ser humano, esse é o estado das coisas depois de um dia difícil, esse é o grau de sentimento que um humano sente, principalmente quando perdeu uma ponta de esperança.
Nem tudo são flores, nós sabemos, nem tudo são medalhas, nós reconhecemos, não somos preparados para perder, mas nascemos perdendo, desde o corte do cordão umbilical que nos conecta a maternidade, desde o fim do amamentamento, desde o fim da meninice, depois são dúvidas, perrengues, a gente se torna adulto e continua não preparado para perder, ganhamos idade, perderemos a vida em algum tempo.
Sonhava esses dias que estava lutando contra algum vilão, sim no meu interior ainda sou uma criança querendo ser herói e que luta contra os monstros de si próprio, fui salvo de perder a batalha por um homem muito sereno:
– Eu prometi, prometi que iria salvar todos eles. Disse a ele.
– Eles estão todos bem, seus amigos estão bem. Respondeu o homem.
– Mas eu perdi. Falei cabisbaixo.
– Escute menino, você não gostaria de usar sua força para ajudar um número maior de pessoas? Para lutar em nome do amor e da justiça na Terra?
– Sim.
– Faça-me um favor, não desista de seus sonhos.
– Mas? Tentei questionar.
– Mas o quê, garoto?
– Porque eles nos roubam? Porque nos torturam? Porque as pessoas precisam morrer de fome, frio, sem remédio, sem trabalho?
– Você tem fé, menino?
– Eu? Acho que sim.
– Faça-me outro favor, não desista de si mesmo. A fé está ai, dentro de você, sua força vive seu caráter também, sua centelha está à sua espera. Experimente combater o mal apenas com o bem e faça-me outro favor, não tenha medo de ficar só, como você existem muitos, mas sua força é única, nos dias que vive ela não pode se perder no primeiro teste da vida.
Veja a postagem original aqui: Revista O Barracão
